A FORMIGA E O PREGO NO MOURÃO
A FORMIGA E O PREGO NO MOURÃO
Era um prego, era um altar, onde o andar estava a formigar, pois como espeto que penetra, é a seta a encaixar, demarcando o lugar, pois formiga é o que há, seja aqui ou seja lá, vejo o prego e não a fresta, perco a festa que vai chegar.
Beiro o lago da represa, embaçada com certeza, pois na torre tem uma formiga, com a amiga a circundar.
Pau de cerca, mourão do prego, só eu cego o meu olhar. Com um prego a perfurar, sinto a dor pela costela, dor que sinto a formigar.
Vejo nada pelos lados, como um dado a contar, seja o jogo ou a aposta, seja a chuva, que é amiga e enferruja aquele prego a penetrar.
Prego em cima, ferro afoito, que não entra logo todo, pois a força foi quebrando a esperança de entrar, sendo parte da madeira do mourão a nos cercar, mas ficando como torre pra formiga em seu lugar.
Se eu tivesse um martelo, martelando meu pensar, pensaria na mata ao longe, como um monge a meditar. Tão pequena, mas tão forte, é a formiga a me olhar, se mostrando que a sorte dela é só vivenciar. Pois a minha certa morte pode um prego acertar, seja no ferrugem ou na cruz em pulsos, bem abertos a sangrar. Sendo vítima do tramar, de tolos homens a invejar, vem o prego em marteladas, elevando o meu olhar.
Vejo a Deus, entre as estrelas, mesmo com os olhos a marejar, dor de pena pelos homens, que se apoderam do que há. Seja com ouro ou esmeralda, se enganam na jornada, pois nada levam daqui, só o peso de uma farda, que nem deixa navegar, para toda a travessia, pro outro lado alcançar, onde estão as maravilhas, que nem todos iram provar.
Foi com prego e formiga, que a vida vem mostrar, desdenhando da bandida que é a lida do sonhar, o que levo dessa vida, eu soluço a penar, em suspiros de clamores num mourão, a formigar!
Publicado no Facebook em 29/05/2018