Somos nada no silêncio.
Seu silêncio é claro,
tem seus motivos.
Tão claros, seus olhos,
quanto escusas,
suas motivações o são.
Suas legalizações,
seus medos
convencionais.
Normalizadas
contravenções
a excluir claramente
os brilhantes suados,
surrados nos campos,
concentrados em galpões.
Que chamem de piso!
Que a fábrica moa
seu carvão.
Que a cana moa
seus sentidos.
Os inimigos,
os inimigos são seus
e até infernizam
o dízimo não recolher.
O diabo lhe pise o pão.
Sua pele é clara.
Seus olhos cristalinos
e o Paraíso azulado
não reluzem seu sangue,
mas o de quantos, quantas
você possui pelo medo.
Dê-nos o esmalte
de seus dentes amarelos.
Ceda de assalto
nosso mais recente
centenário flagelo.
Devolução impossível,
flagrante revolução.
Mais leis para estancar.
Resoluções a apenar
com o esquecimento.
Precisamos desafiar.
Desafios dourados
sem armas de fogo.
Tão brancas quanto
o pensamento de um negro.
De um pobre bugre
que sangre no final
do mês
e sua mulher igual
a minguar
no espelho.
Também pobre;
Também bugre;
Também negra;
Também nada.