Nas abas do mundo
Refugiados provenientes de diversas regiões, oriundos principalmente de países que atravessam uma crise, instalam maciçamente em regiões atrativas ou que ofereçam uma possibilidade de reconstrução e esperança de vida, entretanto os benefícios da imigração em geral são ilusões. A fuga de uma primavera árabe rumo a um “paraíso” de clima temperado é pautada por desafios e percalços pessoais, culturais e ideológicos.
Muitas vezes procuramos por armadilhas inexistentes com o temor de que possamos cair nelas, ou somos pressionados ao polo oposto: ignoramos a realidade e nos refugiamos em ilusões, somos por exemplo bombardeados por uma mídia que por vezes apresenta fatos de maneira distorcida. Buscar refúgios é para muitos, distanciar-se da vida profissional e buscar consolo na família, é fazer da poesia uma anestesia para encarar a crueldade do mundo ou diante de uma sociedade alienada, encontrar abrigo nos sonhos.
Apoiar uma causa em prol da humanidade ou da sustentabilidade é um refúgio para aqueles que buscam por um sentido para suas vidas, a religião é inclusive um exemplo de conexão com a espiritualidade que infere diretamente na essencialidade intrínseca do ser representando por vezes, a fé como salvação e resguardo.
Há algumas semanas estive em um centro clínico nutrindo um diálogo de passagem com um jovem em depressão, constatei por meio de seu pensar, que o mesmo buscava refúgio na morte, dias depois recebi a notícia de que seu avô estava prestes a partir. Na tentativa de aproveitar seus últimos momentos de forma feliz, para o ancião, sua vida tornou-se refúgio, e suas memórias, ninho de libertação.