A luz que escreveu sua prisão
Os tempos doces, de esperança, borboletas no estômago e vislumbres de amor haviam se dissipado nos corações do vilarejo. A catedral que um dia fora palco eloquente de ocasiões cerimoniais e uniões matrimoniais, encontrava-se em ruínas.
Entretanto persistia quase completamente a juventude na mente de um velho ancião que beirava a morte. Um sentimento radiante ofuscava suas rugas e vestes acabadas, um brilho eterno iluminava sua alma.
Revirando baús à procura de livros e medicamentos, encontrou uma preciosidade que ultrapassava as barreiras impostas pelo tempo. Afogou-se na tempestade que desabava de seus olhos enquanto inspirava a poeira melancólica. Encontrou uma caixa com as recordações de sua filha, que há anos havia morrido. Matutou sobre o retrato de um dia primaveril e festivo para sua família. O instante capturado há meio século denotava a emoção e a alegria em suas lágrimas. Os mesmos olhos hoje choram em cima da foto que um dia já foi atual.