A luz que escreveu sua prisão

Os tempos doces, de esperança, borboletas no estômago e vislumbres de amor haviam se dissipado nos corações do vilarejo. A catedral que um dia fora palco eloquente de ocasiões cerimoniais e uniões matrimoniais, encontrava-se em ruínas.

Entretanto persistia quase completamente a juventude na mente de um velho ancião que beirava a morte. Um sentimento radiante ofuscava suas rugas e vestes acabadas, um brilho eterno iluminava sua alma.

Revirando baús à procura de livros e medicamentos, encontrou uma preciosidade que ultrapassava as barreiras impostas pelo tempo. Afogou-se na tempestade que desabava de seus olhos enquanto inspirava a poeira melancólica. Encontrou uma caixa com as recordações de sua filha, que há anos havia morrido. Matutou sobre o retrato de um dia primaveril e festivo para sua família. O instante capturado há meio século denotava a emoção e a alegria em suas lágrimas. Os mesmos olhos hoje choram em cima da foto que um dia já foi atual.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 22/02/2020
Reeditado em 31/10/2021
Código do texto: T6871727
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