Dia de domingo
A casa, cheirava ao dolce far niente das melancolias dominicais, a abóbada celeste empalidecia a Terra com gotículas finas e gélidas de um cômodo dia monótono, orientado pela ressaca de um sábado febrilmente sonoro e agitado. Sentado em uma poltrona verde almofadada em uma pose confortavelmente conservadora e recatada, um ancião matutava à espreita de um fenômeno, um simples algo que lhe destituísse a desgraçada inércia que se abatia naquela manhã morta, apodrecida pelo odor dos frutos em decomposição de uma fortaleza verdejante e orvalhada pelo exterior, e cadavérica no fúnebre silvo que adentra as frestas de um palácio desértico.