Confesso que vivi

Quando jovem eu via o velho.
Como alguém que não almeja, não sonha.

Vive com aquele olhar lacrimoso
Esperando a morte bisonha.

Em pensamento pedia ao vento
Para que viesse me acompanhar
Até a idade em que pudesse
Viver, viver e poder sonhar.

Era uma tola.  Não compreendia.
Que o vento não para, protege.

Fiquei perdida pois, não sabia
Que há um tempo para viver.

Hoje aos oitenta e tantos
Já declinando na linha do tempo
Até espanto os pensamentos
Que querem me machucar.

A morte, com aquela cara feia
Já tentou me visitar
Fechei a porta com força
Ela zangada caiu da escada
E quebrou o polegar,
não lembro se foi do pé ou da mão.

Ela pensa que me engana
Estou muito feliz aqui
Ainda quero fazer muitas coisas
Para mostrar à juventude
E confessar eu vivi.

Edith Michelon 14-12-98
Edith Michelon
Enviado por A Regina Michelon em 06/02/2020
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