O exílio era ela




O exílio era ela


O canto dela era para o abismo, o que exige gera!
A casta pedra que nutre o rio, era ela, a sede em mim;
A casa era ela,e a semente, e o corte, e a ordem de pasto!
Amor que entrava na noite e me fazia arder era ela!
A casa era a mesma, o cansaço era o mesmo, e era dela!
Era ela o moinho de noite, o movimento do corpo, da mão!
Era ela a fonte de passos antigos à talhe, e o voo era ela;
Era era o sangue das pedras, das calçadas! Era dela os sapatos!!
Era ela em mim todo o tempo, a palavra falada, crua!
O que exige e crava, o que condensa, aplana, veste a carne!
Era dela a eira, e os remos, quase extintos; Era ela a foice!
Era ela o arado no peito a brotar semente;
Era ela a semente, a genitora, e o que da semente não se sabe!
Era dela esse poema e de verso meu, feito dela era nada de mim!
Tudo era ela! Era ela o esquife, a renda mais fina;
A descida do arrebol e do mar e suas conchas era ela;
Era ela no seu tempo de cavar, de destinar o sulco do mar!
Era ela o que não há nalguma; Sempre esse pasto!
É dela tudo por dentro, até o bule de café fresquinho,
Muito mais forte que, pasto em mim, cavalo solto no meu peito!!


(Dedico ao Grande mestre poeta Eligio Moura)
MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 02/01/2020
Reeditado em 04/01/2020
Código do texto: T6832900
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