Extra humano

O que me chega

nesses santos dias

quando eu mesmo

nada sou?

A que cheira

toda essa alegria

entornada a esmo

por onde vou?

Qual peneira

então filtraria

o momento soberbo

que já chegou?

Uma parte grita

para se separar

e esquecer;

A outra, incita

a me segurar

e enlouquecer

Ainda no desespero,

na transformação

de tudo que vejo morrer

aqueles a quem com esmero

há pouco vi nascer.

No grito e no choro,

partos que não vivi.

Como chegado por pouso,

navio em porto por onde vim.

Para que eu chego

senão para o medo

de não voltar?

Apenas a certeza

de que existe

outro lugar.