Ontem

Ontem, estavas tão bonita.

À noite misturavas

raios da lua que minguava a trajetórias

de estrelas cadentes

que dançavam.

Estavas em meus braços.

E te derramavas enquanto

me devoravas como as horas

ao dia findavam.

Ladras que levaram nosso tempo

e o espaço que não encontramos

pra esse tanto que criamos.

Ontem, estavas perdida

em meus olhos,

num canto qualquer

de minha alma

e eras tão grande

que me senti enorme

quando me confundi

e eu já era você,

minha mulher.

Já me perdia vestida

de espaços em teu corpo.

Já me encontrava nua

em todos os laços

que me prendiam,

em todos os paços

que me abrigavam,

em todos os socorros

que não me salvam.

Já era de manhã e hoje

não chegava.

E continuas linda como foste.

E é assim que continuarei a te ver.

Na noite de ontem,

na manhã de hoje,

ou na tarde

que me trará você.