Nem o Brasil lhes é pátria!

Pobre, preto, pardo

praticamente perdido,

parvo esse pavor...

Preto se compraz

com o pouco oferecido.

Pretos são os degraus,

Pretas são as mulas,

Pretos são catapultas?

Buchas de canhão.

São todos homens maus ou mal nascidos.

Ou homens do mal, dos males

já que não possuem bens.

Pretos são tudo que não querem

e todos que nada têm.

Nem Deus os quer à luz.

Explosivos como petróleo,

pretos que são

nascidos do lodo,

banhados simplórios,

simplesmente inglórios.

Pretos são escuros, obscuros

e prontos pro abate...

Animais merecem mais zelo.

Aos pretos, nem o desdém.

Sem pelos, tiremo-lhes a pele.

Talvez à cama de um ventre seco ou de

um saco vazio onde não se misture o sangue,

nem se façam herdeiros.

Lixo em saco preto

brilhante na marca do gol,

surrado sob marquises e mercados

perseguido em grifes no varejo

no parlamento, vendido no atacado.

A carne barata e desperdiçada

da origem expurgada como bicho,

sem nexo, seu sexo currado

em sua nação prostituta,

a raça lhe negam na irmandade (?).

Pretos, putos e putas.

Filhos sem pais, que pátria querem?