Dilatando pupilas.
Por que contar os passos,
se as gotas dessa chuva
ainda ardem em meus olhos,
anestesia diante da luz,
quando tudo que se quer
é um tempo dentro de abraços?
É o templo de um deus louco, um rei e seus asseclas. Sem bobo da corte, porque todos apreenderam seu ofício...
O vício que nos faz cantar e falar, mesmo quando roucos.
Um pouco de solidão não se confunde
com o mar a engolfar-se com o rio,
no abraço a regarem os dois no acordo mútuo de passar e receber um irmão.
A esquecer todos os passos,
nossos olhos continuarão anestesiados,
a evitar a luz,
a correr para as sombras
e ali, viver a tatear traços.
Dentro do templo que nos talharam em porões e calabouços.
Sem tempo, calados, sem piruetas para o rei.
Até porque o menor mal e o menor bem será esvaziar os nossos, enquanto enchem seus bolsos.