Cântaros de cobre
E ela passeava em mim,e as escadas eram tantas!
Se perdeu toda,e de vida trouxe cântaros de cobre e cores;
E ela se atava a mim,e ao meu sexo,como se de amor quase confessado,
Fosse morrer!!E se esculpiu de mim,mas não era dela o meu amor!!
As imagens mesmo que partidas,a faziam usar cambraias e cetins,
Tanto anseio o dela por mim,que esquecia de pisar uvas,e as uvas sangram;
E a eira era seu sustento,seu espanto era de mim coloda dentro do corpo nu!
E assim moça de espanto do que me quiz,o ventre estéril,pegou luz;
Era dela semente que não era de eira,como grão de trigo e de café;
Era ela a crescer de fêmea,e eu de uma falsa nobreza e um tinto,
Dei a ela as sacas fechadas de grãos,jóias e dinheiro e metade das vinhas!!
Mas ela soube querer pedir a ficar,deitar,colher do vinhedo,mas não ir;
Pedi que trancasse a casa,descesse com sobejos,e dei colar de pérola,
E santinho na corrente pra dar de sua luz,lembrança de nascer;
Fiz uso da meu aparato e de minha alma fria,meu amor não era ela!!
E partiu morena da eira e do lagar,rejeitou despojos,mas correntinha
Apenas levou,e de bolsa, mala e alguns trocados, se foi,vestido curto!
E Morena sabia que de vida a encobriu de infortúnio,mas secaram uvas,
E sangravam as pedras,e destino resignada,prometeu voltar!!
E assim de Morena nunca mais soube notícia,no aço das tardes estou só!
Perdi por outro amor quase tudo,chorei,calei perdi vinhas e eiras todas
Nas cartas e cabarés!Boca sempre com sede,adega abastecida um dia
Se vingou,se um Porto tiver,é muito,um está na mesa pela metade;
Um dia ao assinar papel de venda do que restou de propriedade,
Me contaram que moço novo,que pagou,era filho daquela Morena da eira!!