Em 3 Atos

Tudo conspira luz, sossego e harmonia;

Exceto um bando de garças se equilibrando nos galhos do coqueiral.

Outro bando de pássaros reunidos, tagarelando alto em idiomas indecifráveis. Tucanos desfilando suas cores vistosas debaixo do arco íris que adornam as colinas; e as águas plácidas e murmurantes que correm em torvelinhos.

Mas nada, nem por um segundo, nada importuna a tranquilidade, tira o sono, desestabiliza o baixio, denominado Vale Encantado.

Segundo Ato:

Recolhido em seu canto, o defensor de causas perdidas, compõe as partituras e notas da música que o compraz, com os pés descalços na terra; gorjeio de pássaros em efervecência e o clarão do luar em serenatas.

Em suma, regido pelos maestros pirilampos, rompem-se os ruídos desalentadores, adentram à sua casa a placidez harmoniosa do silêncio! E se o céu não cobre toda a Terra com seu manto pacífico, certamente não deixa nu esse pedaço inóspito, esse torrão de terra, chamado por uns de Vale Encantado; por outros, de A Felicidade Habita na Paz.

Não obstante, a felicidade deveras é, àquilo que o felizardo almeja e faz por merecer.

Terceiro Ato:

Fique por aí.

Porque aqui fora,

Os humanos ensinaram,

E a vida aprendeu ser real.

Bruta,

Dura,

Cruel,

E não perdoa ninguém!

Aqui, na casca da Terra,

Viver é uma façanha depreciativa!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 22/06/2019
Reeditado em 22/06/2019
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