O infindo e lindo navegar...
Deus nos dá um tempo, um script, um cenário e o protagonismo, para que dentro dessa programação atuemos livres e, portanto, devemos caprichar nos necessários improvisos, porém sem jamais nos desviarmos demais do enredo... e eis que dentro de uma trama há tantos enredos!
É como se você nascesse e recebesse um barquinho e esse barquinho crescesse com você. Aí crescem, concomitantes, as águas e seus mistérios, as guinadas tornam-se mais bruscas e há que se ter a bordo um mestre forte e empírico conhecedor das ciências náuticas, a segurar com firmeza o leme, com a certeza de nada, nem se ainda estará a flutuar na próxima lua, nem a qual mar estará desbravando, somente as estrelas que lhe guiam, fiéis assessoras, ainda permanecem lá...
O objetivo é chegar a um porto de amarras seguras, onde a já velha nau aporte e não mais seja tão castigada pelo solavancos das águas, naquelas enjoativas e quase indômitas tempestades...
Por fim, possa a embarcação com o seu timoneiro transcender, enquanto lhes vêm à lembrança as primeiras marolas, as imensas ondas e os revoltos e desafiadores mares, que os ensinaram a manterem-se navegantes. As altas noites frias e silenciosas, os arrebóis com os voos das famintas gaivotas e os horizontes ilusórios, que quando se os alcançam, sequer são percebidos.
Por fim, somente ao nos enlevarmos é que somos capazes de perceber que as embarcações jamais foram pequenas e que os mares sim, sempre nos foram e serão de infinitas possibilidades.