PISA MEU CHÃO

Pisa com ternura esse meu chão,
Corpo fértil, terra cansada,
Abrigo em mim, 
Fonte de vida,
Toque essa terra...
Como toca o diamante,
Nela abrigado, gerado, adormecido.
 
Sou terra de outono,
Sobrevivente do fogo do verão,
Endurecida pelo gelo do inverno,
E, ainda, chego vívida à primavera, interior, 
A cada ano.
 
Trago em mim a geografia escrita no corpo,
Por cada tempestade de lágrimas,
Rompida, assustadoramente,
Com as trovoadas dos meus barulhos de dentro.

A falta de cuidados,
Não foi possível, lutar mais...
Permitiram erosões rasgarem meu chão.
Trago, hoje,
Cânions contando suas histórias,
Ostento como paisagens,
Falam, por mim, de lutas e vitórias.
 
Pise com leveza essa terra,
Que atravessa a estação das perdas,
O momento é de transformação e aceitação,
Com toda a sua beleza em tom pastel.
Pisa com cuidado,
respeite o chão do meu coração.
Sinta o contorno dessa terra valente,
O relevo das feridas e a maciez dos dias de paz,
 
Pisa,
Tal qual pisa a areia na praia...
Sinta...
Há calor,
Veja com os olhos de dentro,
Sinta a vida!
Veja, ela pulsa forte!
Insistente, teimosa!
Muda sua criação nessa estação da vida,
Ainda quer deixar sua marca,
Agora,
É Amor gestando novas vidas,
Palavras...
Ventre gerando reflexões,
Leia essa terra que pisa, com cuidado!
São suas entranhas exteriorizadas,
Parindo poesias!
 
Irani Martins
25/02/2019

 
 
 
 
Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 25/02/2019
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