Picolé de Jaca

Picolé de Jaca

Às vezes me aborreço

Com essa estória de ter que lançar sempre

Um olhar crítico, analítico,

Sobre cada coisa,

Cada aspecto da vida;

Como se tudo fosse escopo

De uma tese de doutorado.

Onde está a espontaneidade das palavras,

A simplicidade do olhar,

A frivolidade dos gestos?

Haverá lugar para a singeleza do pensamento?

Na mesa das artes, eu não quero comer toda hora

caviar, escargot, beber a todo momento o “Taste of Diamonds”.

No olimpo, será que os deuses quando em vez

Não sucumbem a uma feijoada,

Em detrimento da sua ambrosia?

Os literatos, intelectuais,

Até mesmo os “intelectóides”,

Se afastam das palavras e construções mais desfavorecidas,

Como o diabo que foge da cruz.

Mal sabem, que essas palavras ou construções

São a sua própria redenção;

O elo perdido para encontrar o refúgio das letras

No coração dos seus leitores.

Os círculos literários padecem

Da necessária “conversa fiada”,

Despretensiosa, ingênua, pura.

De literários, os círculos viram viciosos;

Pela tensa busca da rima perfeita,

Da prosa lapidar,

Do conto exemplar.

Isso me angustia.

Para alguém assim,

Desejaria ora dizer:

“Amigo, esqueça o Santo Graal,

O cálice; apenas cale-se;

E ouça o seu coração

E a sua alma. ”

Eles certamente

Dispensariam a macadâmia [nota 1]

Em troca de um bom e velho

Picolé de jaca.

[1] Nome comercial de uma espécie de noz também conhecida como “noz-da-queenslândia”, extraída de uma árvore originária da Austrália. De sabor adocicado, é utilizada no preparo de sorvetes, notadamente, os mais sofisticados.

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© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 17/06/2018
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T6366320
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