Eu sou a a soma das minhas imperfeições, das passionalidades, dos planos não realizados, dos amores partidos, dos sonhos perdidos, inacabados ou abandonados nas gavetas da existência lá no fundo da minha subconsciência. E como são tantas e subsistem exalando todos os tipos de odores, acreditem, meus amigos, meus caros escritores!
Sou um passado que não se concretizou e um presente que teima em repetir tudo o que passou e não ficou, mas ainda conservo a esperança num futuro que me traga uma nova herança.
Já vivi a minha metade maior da vida, dividida entre a dívida e o devedor, a criatura e o Criador, o ocaso e o alvor, ..., o ódio e o amor.
Não sou nada além do amor que se doou, mas foi sequestrado do porta-retrato que o tempo desbotou.
Sou isso e mais um pouco: um grito rouco, um brado em forma de verso, esperando uma resposta do universo, como Castro Alves dizia, "... Há dois mil anos te soluço um grito, que embalde desde então corre o infinito, onde estás senhor meu Deus!".
Tal qual o poeta dos escravos, se alguém ouvir a minha voz plangente, os meus laivos, e tiver uma resposta que me acalente, me diga, por Deus, antes que eu lhe diga adeus.
Embora pareça poesia, é uma exposição de meu sentimento. Isto, ... é o meu mais sincero depoimento.