DOS AMORES, AS DORES
Procurava o sol, ainda aquecer com os seus últimos raios, a fria noite que se avizinhava ao final da tarde. Ele havia traçado um roteiro para seu encontro com a deusa dos seus poemas e sonhos. Mas, por vezes o amor nos prega peças inconcebíveis e tudo desanda sem prévio aviso de quem vai chegar ou quem vai partir. Choram a dolorida tarde. Não poder encontrar esse amor, não poder vê-lo, abraçá-lo e beijá-lo com uma vontade infinda. Às vezes o sonho acaba mesmo antes do despertar. E essa foi mais uma tarde que o sol se foi... E com sua partida o manto negro da noite fria, turva e sombria se estende por sobre a alma do poeta, que tomando da sua pena e um pedaço de papel, passa a limpo sua contundente melancolia, descrevendo dos seus dissabores, moléstias, amores ou desamores. Hora em que o tempo lhe trouxe, hora em que o vento levou. E no vazio que fica sobre o peito daqueles que amam, serão ou não preenchidos outra vez, pelo começo de um novo dia e o recomeço de um novo amor. Amor de ontem, amor do hoje. Ou serão amores do amanhã?
Rio, setembro de 2007.
Feitosa dos Santos, A.