A jardineira e sua chuva.

Uma erva daninha que se ignorava em meio à empolgação do novo jardim.

Que cresceu enquanto também se apreciava da beleza de cada flor encontrada.

De cada promessa de frutos que dariam uma alegria estável.

Observa-se a esperança de que a chuva que cai não o destrua completamente.

Mas o coração da jardineira indica que a inundação já estabelecida não permitiria um recomeço.

Ou talvez seja ainda o seu ego ferido pela falha no cuidado.

Seria imperícia depois de tantos anos e poucos jardins visitados?

Seria imprudência por iniciar algo em terreno não preparado?

Ou quem sabe uma negligência ao equilíbrio entre cultivadora e ser cultivado?

Tantas dúvidas que não teriam necessariamente respostas.

Mas a angústia gerada empurra os pés da jardineira para a estrada.

E a solidão de sua escolha sussurra impiedosamente que talvez sua falha seja pela inaptidão em admitir o que gosta e o que sente.

A hesitação entre nutrir seu jardim ou se negar a ver seu bem se desenvolver.

O medo do temporal que faz qualquer chuvisco ser motivo de retraimento.

E então ao sentir da primeira gota... ela vai embora na incerteza se conseguirá novo uso para suas sementes e instrumentos de jardinagem.

Ela olha para trás.

E ela olha para o céu.

Mas não consegue enxergar o que acontece diante e dentro de si.

Ela sabe que tem suas qualidades.

E ela sabe que nem tudo é sua culpa.

Mas não entende o porquê da instabilidade de seus cultivos.

Seus pés estão cansados, mas seus músculos não os deixam desistir.

E a jardineira segue no automático, torcendo lá no fundo pelo encontrar de um bom terreno ou de novas sementes.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 30/12/2017
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