O Cálice
(Samuel da Mata)
Há um cálice que trava na nossa garganta pelo tanino do silêncio e pela amargura da solidão. Mas, quem em sã juízo ousaria mudar o seu tempero?
Esta semana partiu mais um amigo. Não pude acompanhá-lo, como devia, no trilhar de seu getsêmane. O sono da corvardia sempre caí sobre nós nestas horas de dor. Acho que todos viveremos um pouco a solidão do jardim.
Palavras são vazias frente a fatídica desesperança. A lucidez nos ensina que, em alguns casos, o silêncio é o melhor dos discursos. Frente ao destempero na presença, bem melhor a ausência, mas nem disto temos plena certeza.
Covardia? Sim, por certo. Mas nunca me postei de titã frente a meus próprios medos. Sei que o véu do tabernáculo sempre se cruza só e na plena escuridão. Fora isto, tudo mais é loucura e insensatez.
Verdade é que o Espírito de Deus alí nos acompanha. " Estarei com ele ele na angústia e no vale da sombra da morte". Eu creio assim. Não espero dos chegados o consolo que só Deus pode dar nem os censurarei por serem tão humanos quanto sou.
O certo é que muito desejaria ter palavras para que alí eu as pudesse dizer. Mas, bem sei que não as tenho e por certo nunca as terei. Difícil é também o consolo aos familiares. Deixo apenas minhas lágrimas sinceras de solidariedade de quem também enfrenta a sua própria fragilidade.
Não é hora de fazer discursos filosóficos ou religiosos. O momento é de silêncio e consternação, sentir-se humano e tão limitado quanto somos; colocar-se no lugar do próximo e meditarmos em quão próximo estamos de sermos o próprio próximo.
(Samuel da Mata)
Há um cálice que trava na nossa garganta pelo tanino do silêncio e pela amargura da solidão. Mas, quem em sã juízo ousaria mudar o seu tempero?
Esta semana partiu mais um amigo. Não pude acompanhá-lo, como devia, no trilhar de seu getsêmane. O sono da corvardia sempre caí sobre nós nestas horas de dor. Acho que todos viveremos um pouco a solidão do jardim.
Palavras são vazias frente a fatídica desesperança. A lucidez nos ensina que, em alguns casos, o silêncio é o melhor dos discursos. Frente ao destempero na presença, bem melhor a ausência, mas nem disto temos plena certeza.
Covardia? Sim, por certo. Mas nunca me postei de titã frente a meus próprios medos. Sei que o véu do tabernáculo sempre se cruza só e na plena escuridão. Fora isto, tudo mais é loucura e insensatez.
Verdade é que o Espírito de Deus alí nos acompanha. " Estarei com ele ele na angústia e no vale da sombra da morte". Eu creio assim. Não espero dos chegados o consolo que só Deus pode dar nem os censurarei por serem tão humanos quanto sou.
O certo é que muito desejaria ter palavras para que alí eu as pudesse dizer. Mas, bem sei que não as tenho e por certo nunca as terei. Difícil é também o consolo aos familiares. Deixo apenas minhas lágrimas sinceras de solidariedade de quem também enfrenta a sua própria fragilidade.
Não é hora de fazer discursos filosóficos ou religiosos. O momento é de silêncio e consternação, sentir-se humano e tão limitado quanto somos; colocar-se no lugar do próximo e meditarmos em quão próximo estamos de sermos o próprio próximo.