Eu e certo alguém...
Tem tanta coisa guardada em minha memória, que nem lembro quem sou. Poderia ajudar-me a devolver, eu para mim.
Peço seu auxílio, por que, em toda verdade, há uma diminuição da história; ao contrário e inversamente proporcional, em toda mentira, sempre fazem uso de falsas hipérboles, como justificativa. Fazendo-me entender, o que o leitor acha quando digo que sou "a alma mais honesta do Brasil"; ou "o que é uma marolinha dessas, para quem está no comando de um transatlântico?"
Do invento, eu sou o planejamento.
Da realização, sou o nada; e do intenso vento, sou o tormento.
Quantas mentiras, meias verdades e fantasias acreditei. Foram ditas em nome da esperança numa época de tanta desilusão. Hoje, sei que o tempo e os ideais mudam, as pessoas também. Para onde foi aquele tempo de garra, persistência e sonhos? Preocupo-me demais com as verdades filosóficas e esqueço de minhas mentiras poéticas, ou melhor, de mim, como poeta.
Que estão bem e são bons, poetas mentem; para não dizerem o que realmente sentem.
Entendi agora o porquê da súplica? Porém, já que ninguém se propõe a auxiliar-me, para não dizer verdades em meias palavras, o certo alguém, é o Lula. Luis Ignácio a Mula do Silva. Encurtando a prosa, engana-se quem pensa, que não penso. Minha memória é como uma escopeta escabrosa: tarda, mas dispara palavras venenosas.