Genialidade e Loucura em Redemoinhos
Fecho os olhos para todas as opiniões, mas não durmo de ouvidos tapados para aquelas que sejam relevantes. Pois, o gênio está para o louco, assim como o vento está para a polinização. E ambos se encontram numa estação, dão as mãos, lançam-se nas estradas, pegam carona no vapor da Maria Fumaça, somem perdidos pelas matas, brindam o que não lhes pertencem, transam feito macho e fêmea em noites de luz vaga e semeiam a felicidade nas entranhas dos campos de trigais. Redemoinhos de mãos que sovam, água que agrega-os, pães que alimentam.
Gênios e loucos se estranham. Ventos e plantas entram e saem das entranhas. Irmanados por inconvenientes conveniências que provêm de iguais anormalidades. Protagonistas que representam, de alguma maneira, a peça teatral nada adaptável ao meio. Lá no fundo, no fundinho da essência de seus seres, eles não pertencem as semeaduras. Vidas sem lisuras. Fichas limpas, sem rasura, ode a loucura!
A noite chegara. Viera tocada por um espetáculo dual entre o lúgubre e o nostálgico. Com suas particularidades peculiares, cada noite é uma noite, porém, parecia que nós nos conhecíamos desde muito tempo. Provavelmente, rodopiando em redemoinhos, tenhamos nos cruzado em outras invernadas. Loucos são como lobos e uivam o desespero de viver intensamente cada segundo sob o clarão do luar. Entretanto, nem todos os dias está disposto à revelação da loucura; ao contrário, à quentura dos raios de sol, se declarar.
Saúdo-a abrindo a janela do quarto; e dou de cara com o vento fresco noturno. Chega manso e enroscando todo em mim. Sem camisa e quase nu, sinto-o passear pelo meu corpo. Frisson. Brisa leve minuana. Respeitosa, mantém meus cabelos penteados para o lado. Os caracóis anelados brilhantes descem em fitas até a altura dos ombros, cobrindo praticamente todo pescoço. Os pelos da parte alta das costas se misturam com o anelado. É um deleite jogá-los para lá, para cá. Vão e voltam solenes. Belos e pretos da cor de grafite, brincam o vai e vem. A umidade do banho desprende os fios, tornando-os soltos e macios. Salientes, esperam por uma escova de dedos sensíveis para desfiá-los. Um por um..., quando não, aceitam que sejam tocados anéis por anéis.
As luzes e cores fazem-me flutuar para o primavera num final de tarde. Numa mansidão de cores belas que aconchega-me a alma que parece andar de mão dada com a Natureza. Uma Natureza serena, em que as cores se abraçam na plenitude da harmonia, seja da fraca luz do envergonhado sol, seja nas folhas que adormecem no chão úmido de uma floresta, mergulhar em vales profundos, onde bosques de cores alaranjadas, me permite observar um cenário ímpar digno de ficar para sempre tatuado na minha memória.
Nesse passeio, os ventos sopram as harmonias. As folhagens balouçam em farfalhos; e os pássaros trinam em agradecimento. Espetáculo de luzes e cores.
O reflexo nas águas; o colorido das faixas de espectrais do arco-íris; o relâmpago que risca a labareda de fogo no céu, só são possíveis devido a incidência de luz. Em síntese, assim como a inspiração é aliada do caos, as luzes e cores emergem das trevas; e gênios e loucos passeiam pelos caminhos, rodopiam hedônicos, dançam a ciranda da vida em redemoinhos. Urram.
E o mais sábio: para não maltratar os olhos vistos, limpam as alamedas e abaixa a poeira. A peça teatral da sarabanda deve seguir em frente, sempre. Espetáculo para ser visto sob luzes e cores. Afinal, genialidade, loucura, ventos, lua, sol, energia, águas não param; jamais. Ao contrário, mantém a vida em movimento constante.
Prepare o seu... Pingos de chuva atormentam as folhas de minhas janelas. São Pedro feche as torneiras. Fechou tanto, que secou o reservatório da Cantareira. Chilreado. Pombos arrulham. Meu estômago ronca. Fome. Políticos: para presente, nos embrulham.
Vejo o mundo por elas. Por elas, quem? Pelas janelas, oras. Pés de banana. Pomares em cores. Hoje é domingo. Mula sem cabeça, mas o pé de cachimbo. Mar agitado. Calor destemperado. Quem quiser vento, que vá fumar do outro lado. Névoa em nuvem. Se o amante não vai, ela vem. Amanheceu. Aurora. Flecha de ponta. Voa ligeira. Espingarda baioneta. ... coração. Cuspido-és. Logo ali está o Japão. Óbvio que é para quem está aqui. A história está sendo contada. Lá vem ela. Tem merda pronta, jovem? Vem do buraco fundo, sopro divino, a resposta que ainda não!
Pênis avarento. Isso sim. A locomotiva arrasta vagões. Força bruta. Feito puxa-sacos: enrabichados. Gomos de linguiça. Descomunal. Pão bolorento.
À tarde descansa e a noite colhe os frutos. Manga, laranja, abacate, crocodilo em flores de manacá. Calendários que assinalam a morte dos otários. Encaminhados aos cemitérios de Caraguá, Pinda e Juquiá. Oliva dá azeitona. Olívia quer morrer, mas não tem dinheiro para o enterro, pagar. Prossegue a escrita. Saqueadores do dinheiro público. Corsários. Abaixo assinado e uma desdita.
Ou nos gumes das foices. Facões. Moleque travesso; esquelético. Homenzarrão mirrado. Onde pensam o certo, conclui-se que foi tudo errado. Para que serve planejamento. Estamos de férias. Melhor ficar definitivamente parado. Trabalhei ostensivamente. Estou aposentado. Filhos, noras e netos que comem. Sobras das sobras. Decrépito definhado com um pé na cova e outro na morte. Sem tempo definido, os relógios marcam o tempo e as datas. Somos bolos de qualquer festa. Geladeiras vazias. Açougues cheios. Moscas por perto. Se não morro, quanta sorte!
O semáforo que fecha, vidas que param. Semáforos que abrem, boiada que passa. A propaganda do remédio diz: passa já, passou. Tudo passa: o trem, o ônibus, o cão, a cadela e a broa da leitoa. Esperando o natal. Condenada está. Tudo liso. Como café torrado, será tostada. Criança chora. Sofregamente, na virada de ano, será degustada. Mãe que arrasta. Estação da Luz. Carruagem de fogo. Homens andando à toa. Beliscões. Perdi o lápis que estava no estojo. Um dia tudo se renovará. Quando isso acontecer, findou-se a prosa. Lamem. Originário do Japão. Nissin miojo. Porcaria de alimento. Quando como, degusto com nojo.
Acabou-se a dor. Tudo foi para o ralo. Desbotada é a vida. Niilista do caos. Erroneamente, chamam-me de amor. Tudo inventado. Casas decoradas. Papos furados. Ridículos e indecorosos. Estádio não sei o quê... Bernabeu. Lembrei-me: Santiago Bernabeu. Onde joga o Real Madride. Madride? Licores. Vários sabores. Fel. Onde procuram o branco da paz e amor. Encontram o preto da guerra e o licor do dissabor. Tome cafezinho, Zé Breu.
Preto é cor. Negro é raça. Todas as cores são pálidas. Tristes. Depressivas. Não dão risadas. Por não ter dentes. Muié Feia não serve nem para bucha de canhão. Não achei graça na piada. Espanha. Quem leu essa hemorragia de palavras, vai para o beleléu. Morre não mundéu! Política brasileira. Por que bicho agente mata. Pantanha. Almofadas. Lenda da Mãe tacanha. Verborragias. Onde há verbos, há serpentes que comem pererecas e gia de entranhas frias. Nelas valsam as falsas falas. Não adianta mandar mais faturas, Aristeu feneceu. Até que enfim duas verdades prevaleceram sobre mares de mentiras. Entranhas. Quais são?
Quando não sou acometido pela amnésia, sou atacado pelo Parkinson de sobrenome Leão. Por favor, peço encarecidamente que responda-me, então...! Humm, senti um pontada bem na altura do lumbago! Conto de fadas. Resposta mal dada pela dona Aguda. Safadas. Terminada a encrenca, igual essa Verborragia agalopada, prometo não escrever mais. Aprendeu com o asno. Chico bicudo. Tome cachaça nos beiços. Essa foi para fechar: patada rombuda.