Nunca mais escreverei poesias.
Sentir-se abandonado no próximo passo,
como compasso em fuga;
Perder-se na métrica do tempo,
no segundo adiante
a desesperar-se pela falta
do amante.
Ou por não ser.
Sufocar-se da presença do outro
e no último fôlego, à sombra
de um esforço, jogar longe
o que em si se escombra
para pedir mais.
Onde está a tranquilidade, Cazuza?
Mesmo às redes, já não permito embalar-nos.
Há ladrões por toda parte
quando partes e quando
dizes que fica... Ficas?
Teimo em não ouvi-la.
Penso que perco.
E me perco nas névoas.
Numas lembranças que juro
mais fiéis que seu amor.
E o meu?
O meu é inequívoco e carente do seu.
Ou teima por ser.
Que raios de infinitude, Vinícius!
Trancou-me nessa incerteza,
nesse consumir... Consumir-me... Consumir-nos os vícios enfim.
Mas não sei esperar por um fim.
Sou de inícios.
E tomo-os mesmo para o fim.
Desespero no segundo que partes, no seguinte me arde
e meus olhos se racham sem
te achar.
Todos os olhos te procuram.
Então, alguns se confundem.
Não sabem te ver.
Ora, Pixinguinha... por que não ensinaste
ao meu coração?
De certo, também estaria feliz
e tranquilo... Sem medo da chama
se apagar sem emoção...
Ele só sabe pulsar.
Toda ida parece uma fuga;
Toda volta não sossega
os segundos de ausência
e se não sei a frequência,
sempre estou cego
e sossego nunca.