O barco.
O ocupar de algo ainda desconhecido.
A paz de uma forma diferente de existir.
A permissão de deixar alguém te invadir.
A invasão insidiosa com armas inesperadas.
A tentativa de tornar desinteressante a nova experiência.
Pelo medo do lado insensato das emoções.
Aquele que te faz ignorar os sinais de alarme.
Só para presentear com intensidade os seus dias.
E dar um ritmo novo cardíaco a cada sorriso bobo inspirado.
O experimento dito normal começa então a corromper sua própria descrição.
Vem o reconhecimento da excitação do momento.
Da necessidade do sentir e do tocar.
O desejo de conhecer pela frente e pelo avesso.
Desde o começo e sem querer o fim.
A incerteza do que o outro pensa.
Deixa inseguro o que antes era terra firme.
Assusta. Inquieta.
A coerência é afetada pelo pouco explorado na realidade.
A terra firme ainda é avistada.
Mas o barco parece seguir caminho próprio.
O medo e a aventura se revezam no comando.
E a correnteza natural do sentir tenta não se abalar com o seu rumo ainda sem previsões.
A menina só observava de longe a inquietação de sua mulher.
A mulher não se decidia entre pular fora ou confiar na direção incerta daquele barco.
Olha de novo para sua bússola sofrida de viagens anteriores e sente a menina a cutucando.
- Agora é a minha vez!
Vendo o brilho da esperança naqueles olhos que refletiam os seus, optou por confiar e mentalmente desejou que o risco valesse à pena.
- Arriscar faz parte. Apenas viva! - Exclamou a menina adivinhando o seu pensar.
Ambas trocaram sorrisos e se deixaram apreciar a brisa suave daquele instante.