Mocinha!
Enquanto dormes, acordado estou. Trouxe comigo as hordas de anjos. Desceram do ocaso festivas. Vieram cantarolando em fila indiana. Tocando flautas, soprando oboés. Entre uma reverência e outra, fecharam a roda, na dança de roda. E o seu leve respirar, completa orquestra de sopros. Ouço-a daqui. Sussurros e respirados se confundem. Singelos em Anas, Marias, Cíntias, Marianas!
Em breve o sol aparecerá com seus raios alaranjados entrando e saindo pelas frestas de portas e janelas. Raios de sol, pó, poeira são intrusos e não tem onde se deitar. Desorganizados, pousam em qualquer canto. Nos recantos da casa, cantam uma manhã de encantos.
O mar a convidará para um passeio descalça na areia. As ondas beijarão seus delicados pés de cinderela. O vento esvoaçará seus cabelos. Incontidos e longos fios de cabelos cor de betume. Puro esmero à sua espera. Aurora do quase dia!
Flores heliotropias adornarão seu sorriso. Pétalas e pegadas. O resplendor do gorjeio dos pássaros lhe trará a paz e a musicalidade de um bom dia para você que está aí do outro lado. Sim, Mocinha, para você que dorme agora, nesse instante, o sono que lhe for justo, merecido e suficiente para repôr a energia que lhe tiram durante o dia.
Bom dia às mocinhas que dormem, ou não, nesse instante! Respeito é tudo que as mulheres merecem e deve ser cultivado pelos homens. O resto é consequência... das palavras, dos acertos, das carícias, do passaporte às descobertas.
Da viagem ao oculto. Da poesia que se descortina na sensibilidade dos amantes. Afinal, não há nada mais poético, nada mais sublime do que amar. No conforto de uma cama. Na rusticidade da relva. Ao luar. Sob a amplidão de um céu estrelado. Solicitude à beira mar.