Ninguém Morre em Silêncio
Ninguém morre em silêncio. Mesmo aqueles que tentam o subterfúgio involuntário do anonimato. Atrás de cada porta o coração cessando de bater deixa ciente o cérebro. E este último, mesmo sem voz, guarda consigo as lembranças. E nenhuma lembrança é calada.
A morte quando chega, chega aos gritos... mesmo quando chega aos poucos. Ela assusta, amedronta ao ponto de pensarmos que é possível nos acostumarmos com a idéia de conviver com ela. Engano! Sua chegada, breve! e sua partida levando alguém, leve!, quanto nos faz sofrer.
Caímos no lugar-comum, nas palavras e nos sentimentos repetidos ao longo de nossa vida e todas as vidas que estão ao nosso redor. É impossível subtrair-se à dor. Ainda mais sabendo que dor nenhuma traz consigo tempo de validade, não avisa e não se tem a menor idéia de quando vai acabar.
Choramos com ela e por ela. Choramos por quem parte e por nós mesmos, ah!, muito mais por nós mesmos que ficamos de maneira egoística repisando todos os solos pisandos em comum e negando liberdade a ambas as partes.
Ninguém morre em silêncio. E em silêncio não fica nenhuma vida ao redor. A antecedência, em fatos assim, é inexistente. Pouco importa se trombetas de longas moléstias já a anunciavam, ou se a surpresa quis ser o que nunca seria.
Só quem vive, e quando vive, sabe em que terreno está. Só quem morre, e quando morre, sabe para que terreno vai.
(Amanheci em silêncio. A cabeça dóí, então nada de músicas....eu preciso tanto de músicas...)