Dossiê de uma Pena
Não sou poeta, não sou humana, não sou filósofa, não sou escritora, não sou douta, não sou endinheirada. Mitológica. Acho que não sou nada. Como detesto os achismos, na madrugada: andrógina. Que nada. Sou mesmo, o tudo. O nada e por não ser nada, passo o tempo desatando os nós, desafogando as mágoas da Natureza, enxugando as lágrimas de rostos tristes, dando vida e liberdade a filosofia, a alma, as letras, as palavras, as frases, a poesia. Caso necessite de um objeto voluntarioso no seu dia a dia, conte comigo. Serei sua companhia. Sou toda servil e nada de vil, é meu ser. Prometo o bem dizer!
E por favor, peço encarecidamente, de uma pena como eu, não tenha pena. Risco, rabisco. Sim, sei que é um pedido bestial e para quem não representa nada, se sirvo para alguma coisa, pela lei da probabilidade, sou uma pena sem pena, que pena e queimam as pontas da pena em folha de papel em branco. Ferino Cruel.
Entrego este minúsculo dossiê à amiga Ruth, quem sabe no meio deles, de quem não sei, encontro trabalho. Escrevo, descrevo, você.
E sou descoberta por um, apenas um, ao qual posso ser útil. Embora inutilizada, suspiro utilidade, o que faz-me pensar que não sou tão ultrapassada como muitos me vê.