Reino do tempo.
Perder o zelo das horas vãs,
Deixar os minutos sucederem os segundos e os dias
sejam formados nas horas que os sucedam sem perceber das conspirações...
Não será isso o privilégio de um deus,
nem o do gênio a perder-se em solitárias divagações.
Tampouco o ócio de um cão sem dono...
As posses que permitam viver os sonhos,
Ou ruir os altos castelos dourados em cada torre.
Ou reconstruí-los em cada fosso...
Perder o medo de explorar o ermo,
Ou solitário, temer a escuridão do galopante tempo.
Ou apoiar-se no denso véu do limbo...
A morte nos aposenta?
Tantas preocupações a contribuir compulsoriamente.
Ela logo nos alcançará num esforço...
Perder-se entre as possibilidades,
Ou enlouquecer na estreita via compelido a andar.
Ou correr a se espelhar no tempo...
O tempo tem as horas, um segundo sequer?
Completo e sem nada que lhe pese a viagem é o tempo.
As preocupações são leves o bastante?
O gordo rei tem seu bufão a gralhar.
Decerto, um menestrel cantará enquanto viaja no ermo.
Alguma criatura lhe dará ouvidos...
Insistir em reter mais do que os segundos.
Tolice de quem pensa ter vivido além do tempo.
Loucura de quem sabe estar a morrer.
Perder o zelo das horas.
Porque nenhum tempo é bom sem seus segundos vagos.
Nenhuma vida existe sem andar ao fim.