O LEGADO DE RUTH
(Samuel da Mata )

Hoje estou triste. Por mais que tentasse não consegui salvar a vida de Ruthinha. Ela partiu em minhas mãos atestando a minha incompetência. Não sei se fiz tudo que devia ou se não devia ter feito o que fiz. Ruth já não se alimentava a uns três dias, arrastava-se penosamente apenas para beber água.

Depois de três consultas e vários exames, esgotaram-se os limites do veterinário. Fui para o corpo a corpo com a ciência. Entendi pelo Google que Ruth sofria de uma artrite viral infecciosa comum aos frangos de corte. Bendita informação, mas o único tratamento indicado era a incineração. Maldita a ciência sem alma, como alguém pode propor uma coisas destas?

Preparei banhos de arnica, chá de mastruz, fiz o isolamento e busquei um anti-inflamatório que lhe amenizasse as dores. Um dia de tratamento e a melhora foi significativa, mas no segundo dia aspirou a papa e morreu asfixiada.

Entre o amor e a loucura há muitos links. Só quem ama tenta e só quem tenta erra. Mil perdões Ruthinha. Talvez eu tenha abreviado seus dias de angustia, mas a tratei com alma e não com a indiferença de um criador de frangos. Red, seu namorado, e eu estamos de luto por você.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 16/03/2017
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