SONHOS DAS FLORES
SONHOS DAS FLORES
(Samuel da Mata )
Eu vi a flor cair sob o abrasar do sol da tarde. Mal nascera e findava ali os seus encantos. Muitos dos que dizem amar as flores trazem uma tesoura em seu bojo. Há um certo sadismo nos que desfolham as rosas, quanto mais infantes maior a atração.
Verdade é que a brisa é leviana e vende às flores contos falsos de ilusões. Voltam-se cedo demais ao sol para serem notadas e assim sucumbem sem conhecer os ventos vespertinos.
Ah! Quanta ventura perderam nas asas das borboletas e quantos segredinhos deixaram de ouvir das vespas? Que sonhos azuis não lhes contaram os pirilampos e em quantas noites de lua deixaram de sonhar?
Quem quantificará as dores de seus desterros e lhes trará de volta os sonhos da ilusão? Depois de desfolhadas as pétalas vão-se ao ermo e nem suas irmãs gêmeas as reconhecem mais.
A maturidade que atropela sonhos pueris é loucura e cobre para sempre de amargura a cama da ilusão.