TORRÃO SAGRADO
(Samuel da Mata )

Saí do meu canto como em parto a fórceps, minha alma ali estava agarrada. O dilacerar das raízes me doíam profundamente sem que nem eu mesmo soubesse o porquê. Mas saí, as chagas da partida aos poucos foram curadas como brasas que apagam nas cinzas do borralho.

Em poucos dias a velha morada subira ao status de paraíso, promovida pelo juri da nostalgia. O mito do torrão invadia meus sonhos e travestido de saudade me alugava a mente.

Circunstancialmente, tive que voltar a terrinha. Levei discursos glamourosos, abraços fecundos e lágrimas encapsuladas pra dar voz as minhas lembranças.

Melhor que lá nunca tivesse voltado. Vi meus sonhos desfeitos em cascatas como as geleiras do polo norte. Incrédulo indagava a todos o que havia acontecido, mas de fato nada mudou. Minha alma apenas se libertara da fantasia do torrão sagrado.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 03/01/2017
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