VOU VIVENDO
Relógio desperta às quatro,
acordo assustado e pulo.
Bocejo, me estico, resmungo
e sinto ainda no corpo,
a canseira de pouco antes.
Atrás da porta, num prego pendurados,
uma camisa e um par de calças:
velhos, sujos, rescendendo a suor;
visto-os...
Da bica que vem do morro,
jogo na cara um punhado d’água fria
e renasço.
Na cozinha, café de ontem (sem leite), bolinhos de chuva.
De mansinho volto ao quarto.
Maria dorme.
Beijo-a na testa, ela sorri...
Beijo as crianças, pego a marmita e saio...
Volto pra casa já noite...bem noite.
Na bica lavo a cara, tiro a sujeira do dia
e entro de mansinho, pra não acordar ninguém.
Na cozinha, café preto, bolinhos...
Depois beijo as crianças, beijo Maria, que dorme.
Meu Deus, relógio me chama às quatro!