FRIA

No final de um lindo dia, de Sol claro
Você me chega com um buquê
Magníficas rosas negras, momento raro
Junto trouxe uma carta, nem sei porquê 

Nosso namoro jovem ainda
Nunca fora de fato, de muito afeto
Era apenas, vem cá minha linda
De quando em vez, tinha coito completo

Estranhei tanta delicadeza
Você não era disso e eu nem ligo
Dentro de mim, só havia uma certeza
Parecia querer ser, mais que um colorido amigo

Não sou do tipo que se apega, é verdade
Só fiquei curiosa e lhe dei espaço
Você me entregou os mimos, só pela metade
Isso já foi me dando, um certo cansaço

Me deu um abraço apertado
E entregou por último a cartinha
Virou as costas e saiu apressado
Fiquei com cara de besta, com uma dúvida, só minha

Resolvi deixar as flores na bancada
E ler a carta deixada, enfim
Ela estava, como que criptografada
Eram só rabiscos e uma única palavra, Fim

Quase cai na gargalhada, na hora em que li
Que coisa louca, fim, sem ter nem um começo
Larguei a surreal missiva e sai
Atrás de uma boa dose de gin, só pra fingir apreço

Já nem me lembrava de você,  no bar
Entre doses, amigos e dedos de prosa
Um perfume diferente invadiu o ar
Só aí me lembrei da negra rosa

Que ficou sobre a carta, na bancada fria...

images?q=tbn:ANd9GcRa2w3a6KYeBV1xaAJpU2N_hl3BEUDIRAA-LvsFC2txbK3eb7Sq
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 12/10/2016
Código do texto: T5789654
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.