O equilibrista e o poeta.

     Traduzem minhas estrídulas e anímicas dores os vocábulos, ora silentes, em lágrimas vertidas, ora em poética súplica, como se a verdugos dirigidas.
     Necessariamente, doem os embates com as teias que se engendram nas multiplicidades dos enredos terrenos...
Insônias velam vazios e, no alvorecer, sepultam a esperança.  
      Então, a poesia é a haste transversal, com que se equilibra o poeta, pela bamba fiação que tece os depurantes e desafiantes enleios.
Para o poeta, sempre haverá um sol a aquecer e dourar instantes bonitos, a eliminar-lhe as fobias e vertigens, a tornar-lhe tangível, a angustura do trajeto, a diminuir o espaço temporal, entre a noite sofrida e a mesmice do dia que raia.
     A poética abordagem da vida suscita a esperança perdida, a vontade de se ir em frente, nos desgostos profundos dos insensíveis ventos, que batem e insistem em bambear a já tênue corda, por pura incapacidade de não poder esticá-la.