VOLTEI
Sai daqui num pé de vento
Na madrugada na surdina
Sem dizer um adeus sequer
Parti inconsequente
Com a cabeça cheia de sonhos
Roupa do corpo chinelas e boné
No bolso trezentas pratas
Sem destino ou parada certa
Querendo descobrir o mundo
Nem pensei nas lágrimas que deixei
No peito materno doído e apertado
Sem motivo algum apenas fugi
Passei tormentas e desenganos
As mãos ariscas e juvenis ganharam calos
O antigo teto de barro virou barraco de tábua
Sofri o pão embolorado da derrota
Da ousadia ingrata e desabalada
Saudades no embornal rotineiro se alastravam
Uma luz surgiu no fim do túnel escuro
Quando o resto de esperança já se esvaia
O sonho ora dormente recuperou um sopro de vida
Uma proposta generosa de emprego
Que pro sustento e moradia daria e um pouco sobraria
Senti por dentro o menino hoje um homem florescer
Cinco anos de luta e reservas bem guardadas
Vida regrada para o valor da viagem de volta guardar
O pensamento em maínha no peito se mantinha ardendo
Volto agora com semblante marcado
No rosto o sorriso cheio de temor
Será que a família me receberia com o mesmo amor?
Sai fugido apressado na bruma do vento
Cheio de sonhos febris e incoerentes
Volto agora sofrido com bagagem tímida
Abro a porta da casa da maínha querida bem cedo
E a encontro na cozinha silente
A chamo com a mente aflita e a voz tremendo
Ela vira com um sorriso molhado de lágrimas
Abre os amados braços e diz
Meu filho, bom dia!
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 05 de março de 2016.
Sai daqui num pé de vento
Na madrugada na surdina
Sem dizer um adeus sequer
Parti inconsequente
Com a cabeça cheia de sonhos
Roupa do corpo chinelas e boné
No bolso trezentas pratas
Sem destino ou parada certa
Querendo descobrir o mundo
Nem pensei nas lágrimas que deixei
No peito materno doído e apertado
Sem motivo algum apenas fugi
Passei tormentas e desenganos
As mãos ariscas e juvenis ganharam calos
O antigo teto de barro virou barraco de tábua
Sofri o pão embolorado da derrota
Da ousadia ingrata e desabalada
Saudades no embornal rotineiro se alastravam
Uma luz surgiu no fim do túnel escuro
Quando o resto de esperança já se esvaia
O sonho ora dormente recuperou um sopro de vida
Uma proposta generosa de emprego
Que pro sustento e moradia daria e um pouco sobraria
Senti por dentro o menino hoje um homem florescer
Cinco anos de luta e reservas bem guardadas
Vida regrada para o valor da viagem de volta guardar
O pensamento em maínha no peito se mantinha ardendo
Volto agora com semblante marcado
No rosto o sorriso cheio de temor
Será que a família me receberia com o mesmo amor?
Sai fugido apressado na bruma do vento
Cheio de sonhos febris e incoerentes
Volto agora sofrido com bagagem tímida
Abro a porta da casa da maínha querida bem cedo
E a encontro na cozinha silente
A chamo com a mente aflita e a voz tremendo
Ela vira com um sorriso molhado de lágrimas
Abre os amados braços e diz
Meu filho, bom dia!
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 05 de março de 2016.