A estranheza do amor.
Eu conheço cada detalhe, cada traço do teu rosto, e ainda sim, me pego confundindo você com todas as pessoas que passam por mim na rua. Ou na calçada. Ou no ônibus. Ou em qualquer lugar em que eu possa me distrair e me pegar sem querer pensando em você outra vez.
Eu deveria me proibir? Fazer o correto e não me apegar? Já que sei que sinto demais e você sente de menos; Mas aqui dentro, você já me pertence. E não há escapatória para o que eu já sonhei com você. Você já sabe dos meus medos, dos meus desejos, das minhas ilusões, sabe de tudo porque já faz parte de mim, mesmo sem saber. E eu não quero que você vá embora, não quero deixar você ir embora. O que me resta se você for são apenas desejos, imaginários, lembranças que eu criei e que nunca poderão ser verdade. Está é a diferença dos sonhos e da realidade. Se você for embora, nada terá sido real.
É pouco, mas todo o tempo que eu já passei com você... Poderia ser melhor se você estivesse aqui realmente. Em todas as situações que eu imaginei que você estaria. Nas festas em que eu vou, com tantas pessoas vazias, ou quando eu me sinto solitária, escrevendo até tarde, ou assistindo aquele meu episódio favorito de algo que eu acho que você iria gostar. Tenho certeza que, pela primeira vez, minha imaginação não seria mais agradável do que a realidade, porque ao invés de criar situações em que eu gostaria de mudar as coisas, eu apenas criaria situações, e então, poderia acontecer qualquer coisa. Desde que fosse com você, e apenas você.
Eu já me sinto cada vez mais boba por dizer coisas assim, e escrever sobre você, e te querer tanto. Seu sorriso ao invés de constrangido começa a parecer culpado por não conseguir corresponder as minhas expectativas. Sua timidez parece apenas educação, por não saber lidar com os meus sentimentos. Eu estive dos dois lados, sofri dos dois lados, então não se sinta mal. Ninguém é culpado por isso.
Bem, eu sou culpada. Deveria ter parado com tudo isso há muito tempo atrás.
Mas eu não quero desistir. Eu já estou no meio termo, onde as pessoas devem arriscar tudo, porque as oportunidades de desistência ficaram longe há muito tempo. Estou longe demais para agarrar em algo, então, qualquer que seja a minha decisão, eu vou cair em algum momento. Em um lugar seguro, ou em um precipício. E isso tudo depende de você.
O amor é estranho, não é mesmo? Se precisasse de uma decisão, e eu fosse dona dela, minha resposta seria sim.