HÁ MAR?
Toda vez é assim, diante das ondas ela parece existir, olha com olhos compridos, mas desconfiados, sabe que se virar as costas aquilo vai desaparecer , nunca esteve definitivamente existido.
Para haver mar, só se ela estiver lá, para sempre acordada, lá, olhando sem parar.
Fora disso, o mar não existe, nunca existiu.
Pode chorar, fazer birra, apertar os olhos para lembrar...mas não lembra, não sabe.
Depois de ver muito, nunca viu.
Ela, no longe, nunca viu o mar.... Fica de novo a menina que demorou para ser levada ao mar para vê-lo e, na distância, de novo perdê-lo.
Acostumou-se a ficar perdendo as coisas, os óculos, o guarda-chuva, os livros, a bolsa, um pedaço de vida, o mar.