Carta de desespero 2
Eu não tenho mais vasos para plantar as flores que brotam dos seus olhares.Eu não quero mais guardar lembranças como quem coleciona figurinhas num álbum.Eu não sou mais uma adolescente que se curva no chão em sinal de interrogação esperando respostas.Mesmo quando não tinha as perguntas certas.Ainda tenho urgência de ser feliz como antes.Ainda tenho inseguranças que brotam como ervas daninhas. As sensações me bastam.Quero me abastecer do seu amor e mais nada.Quando você disse" O tempo vai passar de qualquer forma, espera que a gente vai ser feliz". Julguei-me forte.Só depois que você se foi que percebi que amadurecer não tem a ver com força e nem com espera.Que saudade vira desespero com meia taça de vinho.Que "espera" vira desespero mesmo se eu estiver vestida de esperança.Que sua voz é o som mais doce que eu já ouvi.Que sua ausência é um vazio.É um buraco negro que suga alegrias.Só agora que não tenho mais o calor do seu corpo que descobri que o frio queima.Minhas pulsões estão sob o olhar severo do meu SuperEgo.Mas meu ID grita seu nome e o som ecoa dentro de mim como se ali apenas houvesse uma caverna e um corpo em pedaços.Maturidade não garante saber lidar com esta falta de você.Eu entro em desespero.Navego nas ondas dele.Pulsões vibram como impulsos elétricos e quero sair correndo ao seu encontro.Maturidade não tem a ver com espera.Eu quero ser feliz agora.Os olhos que outrora lagrimejaram e depois choraram...choram de novo.Lágrimas carregadas de dor.
Flávia Pinheiro