Plenos de encanto
Noite de lua cheia. Fomos à praia. Sentamo-nos na areia. Olhamos a lua.
E enquanto o rio cantava, os cabelos dela tocavam música no meu rosto.
Ficamos assim, por horas, além da nossa imensidão.
Depois nossos passos removeram a areia quieta e nos sentimos de volta a nós mesmos.
A luz nos dá o rumo e silentes nos entranhamos de sonhos e nesse momento nada nos mostra o contrário.
Um ar leve e romântico sustenta o nosso mundo.
Nosso olhar é mais que uma procura, é o encontro.
E a noite, plena de encanto, me palpita a escrever um poema. Mas o poema está a meu lado.
Um céu de luz nos cobre de eternos e o que vemos e vivemos se dissolvem dentro de nós, para nos tornar belos por dentro.
Sentimos a lucidez da loucura. Um sorriso na boca comove o nosso amor vestido de gesto e nossa verdade deita raízes.
Vamos em frente respirando o cheiro do passado e sentimos no peito uma explosão tão intensa que parece ser a última.
É que quando a gente gosta, busca um amor iluminante. E o brilho do rio nos empresta energia.
Nessa noite, os sonhos nascem da água e da luz.
Um lampejo espantoso nos invade e nos sentimos raros ou únicos. Movemo-nos diferentes, mas na mesma direção.
Do alto, os olhos que nos fitam são os de Deus e eles reacendem tudo que apagou.
A noite termina abençoada e de manhã uma borboleta colorida pousa no meu ombro. Depois a borboleta voa para longe, mas o colorido me pertence e ficou impregnado em tudo que me ressurgiu.
Deito a cabeça no travesseiro e me sinto nascido ao lado dela, porque é incompreensível abraçar a vida para depois desperdiçá-la.
Precisamos sentir o prazer de viver, para fazermos a escritura da nossa história e a cada dia reconhecer a necessidade da completude, esse pungente impulso que o amor exige.
Com uma das mãos, eu seguro o hoje,
E com a outra a esperança no amanhã.