Quem sou eu?
Não sei mais.
Como estou eu?
Estou assim.
De dia, penso nas minhas noites.
De noite, fico deitado fitando o teto.
E dentro de mim fica o nada,
do tudo que eu quero.
Minha angústia não me deixa livre,
nem para eu aceitar a minha solidão.
Já tive o conforto de um abraço,
o calor de um corpo junto ao meu,
e a bem-aventurada invasão da minha alma.
Depois, ficou-me o silêncio
e o segredo da dor de perder.
Nem a luz me dá a sua sombra.
Meu amor é o mesmo,
A esperança é a mesma.
Eu é que já não sou o mesmo.
Meu coração se afoga no rio
que fica às minhas margens.
E o meu silêncio
é melhor que as palavras.
Durante horas,
olho para dentro de mim
e não me encontro.
Depois, volto ao mundo real
e reflito:
Só serei nada,
se me sentir menos.
- Um dia, me virá um sol,
Para iluminar a minha noite.
Otacílio Mota é paraense de Belém do Pará. Delegado aposentado da Polícia Civil, foi quem, em 1987, presidiu o inquérito sobre o assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles, além de outros casos famosos. Foi um dos poucos delegados paraenses a receberem treinamento no FBI. Hoje escreve poesias baseadas em sua rica vivência. Elas retratam, em maioria, a busca de um amor feliz que ficou para trás, e tem como espaço a Ilha do Mosqueiro, onde cresceu e hoje dá vazão às dores do coração.