Renascimento

Minhas ânsias escorriam no vazio e eu roía a minha pedra, sozinho.

A vida ignorava a minha tristeza e o absurdo do desencanto.

Sentia o teu calor, escutava a tua respiração e no meu entressonho, via a tua imagem e o vento me fazia sentir o cheiro do reencontro.

Lia um poema de amor, em voz alta, para sentir o que me explodia.

Através da leitura eu tentava abafar a futilidade dos meus dias. E inventava palavras para os meus ouvidos.

A união pode nos florescer ou envenenar. O resultado depende de nós.

Enxergava a vida, como se os meus olhos estivessem atrás de uma vidraça embaçada.

Hoje, uma boa relação me enriquece e me dá sentido.

Entrelaçamos os joelhos e esfregamos os pés, como um rito de final de êxtase.

Nosso amor renasceu, dormimos e sonhamos com Deus.

Ao amanhecer, nos abraçamos e sentimos na pele o esplendor da noite. E os olhos, como holofotes, iluminam o nosso destino.

Seguimos a vida, por caminhos insondáveis, mas de mãos dadas e mistérios.

Nossos corações, cúmplices, alçam voo em direção do infinito. O vento que anuncia resplendor sopra nos beirais de nossas aspirações.

Uma vida além da vida anuncia rosas e todas as flores nos mostram magia. Tudo se pode no sonho de viver.

Quando se ama, guardar segredo parece traição. Por isso, grito o meu amor ao vento, para que voe longe e todos sintam a intensidade que ele envolve. E um sopro bom recobre o meu caminho.

Tu és a protagonista da minha história e eu sou o orvalho que rega as tuas manhãs. Está dentro de ti a chave que abre as minhas fantasias.

Hoje, que tudo está bem, dou um tapa em cima do coração, para espantar todo o mal que lhe queira penetrar.

Eu estava à espera do que voltou e estou feliz para o sempre do sempre.

Ouço o cochicho do vento com as árvores, quando a ramagem roça tudo o que sinto.

O coração precisa abrigar amor e raiz.

É dezembro, poemas rabiscados e um cruzar de luzes iluminam o céu de nossos olhos.

Do nada, tornei-me intensamente o tudo. Cada psicoeco de amor mergulha dentro de mim e me faz crescer.

O som da tua voz amontoa-se no meu espaço, mistura-se no meu sangue e encontra uma janela aberta para entrar.

Sinto o doce calor do teu corpo ao lado do meu.

Quero comer tua vontade, saciar teu instinto e alimentar-me de ti, tanto quanto possa.

E cheio de vida, com a mão direita, agarro a esperança do sempre entre meus dedos.

Tu és o meu lugar no mundo e o meu Natal.