ALEGRIA DOS HOMENS
(Samuel da Mata)
Quando minha filha fez quinze anos e eu lhe dei um piano de presente. Não foi nada fácil, pois a minha situação econômica era debilitada. Mas o brilho que estampou de seus olhos fez o esforço valer a pena. Não pude acompanha-la nas aulas de música, vida de peão não é fácil, principalmente se deseja mudar de vida. . Ela era muito inteligente e rapidamente concluiu o curso e até se habilitou para o ensino da música. Todavia, quando a jornada é árdua, o cansaço não abre espaço aos sonhos e as noites são feitas de chumbo. Poucas vezes a vi tocar, mas em todas elas me emocionei.
A vida mudou e tomou rumos divergentes, em vez de sonhos tive pesadelos. Já se passaram quase vinte anos, mas sempre que vejo alguém tocando piano fico a enxergar a minha doce menina no lugar do pianista, balançando a cabeça no ritmo da música e sorrindo pra mim. A música é outra, o ritmo é outro, mas a minha mente sobrepõe a tudo e a vejo cantando “Jesus, a alegria dos homens”.