SECOS SONHOS DESFEITOS
                            (tributo ao povo do sertão)

No dia em que me percebi sozinho na estrada
Com a mala pequena e repleta de
sonho
Minha mãe acenando no portão chorosa e sofrida
Senti sobre os ombros um peso tamanho
 
Deixar meu sertão seco e aridamente
alaranjado
A família cheia de doídas saudades e esperanças
Me deu na espinha um frio enorme e gelado
Me desejaram com olhos sorte nas andanças
E eu aflito à espera do pau-de-arara
calado
 
No bolso passagem pra São Paulo e umas moedas
Endereço de tios farinha pão
duro e carne salgada
Povo nordestino se vira sempre levanta das quedas
Na estrada pensando bastante oh! Saudade danada
 
Naquela rodoviária enorme e tumultuada
Muitos outros
sonhos combalidos avistei no dia
Eu chegando e outros tantos voltando com
nada
Era só um sonho infelizmente agora eu também sei
Vida ingrata maltrata agora é voltar com a mala
vazia

 
Cristina Gaspar
Rio de janeiro, 03 de julho de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 03/07/2015
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