DISSONANTES FARDOS
Tantos colossos peregrinos
Tantos Deuses meninos
Tantos mártires infantos
Tantos pretos brancos
Tantos brancos pardos
Tanto sangue sem raça, marrom carmim
Tantas Madonas marcadas
Tantas frontes não beijadas
Tantas velhas enxadas
Tantas mãos calejadas
Tantas sinas, sendas, vãos em vão
Tanta bala trocada, caída no chão
Cada passo uma ponte
Cada costado, um açoite
Cada colo um alento
Cada ventre cheio, um tormento
Cada feto alvo, asseio
Cada mulato, difuso, lastro, ataúde
Conta, cuidado, calado vive mais
Corta no meio, a machado
Cepa, detona, desterra, abandona
Canta entrelinhas, o espanto, o arreio, o mal
Corrompe, condena, corrói, foge, esquece
Constrói, castelo, fileira, armada concreta e filiada
Forca, retalho de gente, sal e cal, passo final
Falha técnica, helicóptero, sem motivo, sem notícias, natural
Feixes luminosos, ricos em pobres avenidas
Fachos rasgados, infelizes, vidas ceifadas à beira da estrada
Fatos dormentes, estatísticas, indecentes, fadadas
Falácias, febris, falastram, fogos e lastros, impunes
Sorrateiros varais coloridos, gritantes, vencidos
Solenes prantos calados, insanos, traídos, lacrados
Supremas bandeiras brancas, cruzes veladas, benditas
Sementes advindas do medo, da inércia, sem calma
Sonolentos discursos, palácios confusos, imorais
Sentidos aflorados, amigos, unidos, às antigas, chumbo em troca de sal
Glórias nos serão dadas, gentes caindo em lote, descartadas
Golpes de mestre, cartas marcadas, de norte a sul, leste a oeste, teste
Grana há de sobrar, terra sem germinar, água seca, insalúbre
Garganta arranhada, sem paladar, cercas sem divisas, porteiras abertas
Golpes de faca, feridas manchadas, ruas cobertas de sonhos de açúcar
Ganância, fome ceifada, mensagens ventiladas, excrementos e esperanças lançadas ao vento
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 09 de maio de 2015.
Tantos colossos peregrinos
Tantos Deuses meninos
Tantos mártires infantos
Tantos pretos brancos
Tantos brancos pardos
Tanto sangue sem raça, marrom carmim
Tantas Madonas marcadas
Tantas frontes não beijadas
Tantas velhas enxadas
Tantas mãos calejadas
Tantas sinas, sendas, vãos em vão
Tanta bala trocada, caída no chão
Cada passo uma ponte
Cada costado, um açoite
Cada colo um alento
Cada ventre cheio, um tormento
Cada feto alvo, asseio
Cada mulato, difuso, lastro, ataúde
Conta, cuidado, calado vive mais
Corta no meio, a machado
Cepa, detona, desterra, abandona
Canta entrelinhas, o espanto, o arreio, o mal
Corrompe, condena, corrói, foge, esquece
Constrói, castelo, fileira, armada concreta e filiada
Forca, retalho de gente, sal e cal, passo final
Falha técnica, helicóptero, sem motivo, sem notícias, natural
Feixes luminosos, ricos em pobres avenidas
Fachos rasgados, infelizes, vidas ceifadas à beira da estrada
Fatos dormentes, estatísticas, indecentes, fadadas
Falácias, febris, falastram, fogos e lastros, impunes
Sorrateiros varais coloridos, gritantes, vencidos
Solenes prantos calados, insanos, traídos, lacrados
Supremas bandeiras brancas, cruzes veladas, benditas
Sementes advindas do medo, da inércia, sem calma
Sonolentos discursos, palácios confusos, imorais
Sentidos aflorados, amigos, unidos, às antigas, chumbo em troca de sal
Glórias nos serão dadas, gentes caindo em lote, descartadas
Golpes de mestre, cartas marcadas, de norte a sul, leste a oeste, teste
Grana há de sobrar, terra sem germinar, água seca, insalúbre
Garganta arranhada, sem paladar, cercas sem divisas, porteiras abertas
Golpes de faca, feridas manchadas, ruas cobertas de sonhos de açúcar
Ganância, fome ceifada, mensagens ventiladas, excrementos e esperanças lançadas ao vento
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 09 de maio de 2015.