Desenganos. 

Eu cri nas mesmas asas que Ícaro.
Eu me rendi ao mais doirado, mas sofístico cálice 
E dele provei o amaríssimo conteúdo.
Tomei a rosa incautamente pelas pétalas 
E ignorei os espinhos .
Embriaguei-me com o dulcíssimo vinho
Sem pensar no dia seguinte.
Eu quis tornar sagrado os meus desejos profanos,
Quis ter o céu, no meu coração tão mundano!
Tive na boca o recém recolhido favo de mel,
Sem ater-me aos ferrões das selvagens abelhas .
Encantei-me com um sorriso,
Sem sondar o coração.
Era profundo o palco do canto da sereia...
Era vidro o diamante...
O veneno sempre estará nas maçãs mais viçosas.
As decepções nas juras do eterno amor.
E as ilusões emergem das misteriosas profundezas,
Onde se ocultam os profusos encantos da alma
De uma inebriante mulher!