O dia que te perdi
O dia que te perdi
Já não falavas mais nada, nem me davas algum sinal de que entendias o que se passava em sua volta. Inerte encima da cama, pacientemente parecias esperar a sua hora. Aquela hora que sairias para sempre desta vida. Sairias da minha vida. Em suas últimas horas, seus olhos se abriram. Fixaram-se no vazio olhando pelo vidro da janela aquele Céu azul. Na parecias ver nada, ou enxergavas um novo caminho se abrindo. Falei contigo, mas parecia que eu não estava lá. Apenas olhavas. Talvez estavas se despedindo deste mundo sem importar-se com mais nada. Não vi sofrimento em seu olhar. Depois fechou os olhos. Pensei que estavas dormindo de novo. Mas pela segunda vez abriu de novo. Desta vez me olhou. Não fez sinal de que querias se comunicar. Seu olhar não tinha expressão alguma. Elogiei seus olhos dizendo “ meus olhinhos de jabuticaba” e os beijei. Mesmo assim, sua expressão não mudou. Parecias que sabias do seu fim próximo, e não quis me revelar nada. Ficastes um tempo assim e de novo adormeceu. E desta vez senti que seu sono se tornava mais ameno. Sua respiração leve não tinha aquele chiado no peito. A noite chegou. Aquela noite do dia onze de dezembro as nove e cinquenta e cinco que você partiu para sempre da minha vida. Em seus últimos momentos algo quis me dizer, e em agonia sua respiração parecia como de um passarinho no fundo da gaiola agonizando. Não entendi nada, mas ao ver sua respiração parar, entendi que fostes em paz. Entendi que parou de sofrer. Cumpriu sua missão na terra e eu minha missão com você. Seu semblante tinha paz, e até uma ruguinha no canto dos olhos mostrava que estavas sorrindo. Descansou, pensei. Parou de sofrer. Tomei todas as providencias com uma paz no coração tão grande que até estranhei. A ficha não tinha caído. Estava tão acostumada de te cuidar que era mais uma providencia que tomava? Você tinha partido da minha vida mas não do meu coração. Isto que me dava as forças que me moviam. Seu sofrimento chegou ao fim. Mas o que importava mesmo que viveras para sempre no meu coração.
O dia que te perdi
Já não falavas mais nada, nem me davas algum sinal de que entendias o que se passava em sua volta. Inerte encima da cama, pacientemente parecias esperar a sua hora. Aquela hora que sairias para sempre desta vida. Sairias da minha vida. Em suas últimas horas, seus olhos se abriram. Fixaram-se no vazio olhando pelo vidro da janela aquele Céu azul. Na parecias ver nada, ou enxergavas um novo caminho se abrindo. Falei contigo, mas parecia que eu não estava lá. Apenas olhavas. Talvez estavas se despedindo deste mundo sem importar-se com mais nada. Não vi sofrimento em seu olhar. Depois fechou os olhos. Pensei que estavas dormindo de novo. Mas pela segunda vez abriu de novo. Desta vez me olhou. Não fez sinal de que querias se comunicar. Seu olhar não tinha expressão alguma. Elogiei seus olhos dizendo “ meus olhinhos de jabuticaba” e os beijei. Mesmo assim, sua expressão não mudou. Parecias que sabias do seu fim próximo, e não quis me revelar nada. Ficastes um tempo assim e de novo adormeceu. E desta vez senti que seu sono se tornava mais ameno. Sua respiração leve não tinha aquele chiado no peito. A noite chegou. Aquela noite do dia onze de dezembro as nove e cinquenta e cinco que você partiu para sempre da minha vida. Em seus últimos momentos algo quis me dizer, e em agonia sua respiração parecia como de um passarinho no fundo da gaiola agonizando. Não entendi nada, mas ao ver sua respiração parar, entendi que fostes em paz. Entendi que parou de sofrer. Cumpriu sua missão na terra e eu minha missão com você. Seu semblante tinha paz, e até uma ruguinha no canto dos olhos mostrava que estavas sorrindo. Descansou, pensei. Parou de sofrer. Tomei todas as providencias com uma paz no coração tão grande que até estranhei. A ficha não tinha caído. Estava tão acostumada de te cuidar que era mais uma providencia que tomava? Você tinha partido da minha vida mas não do meu coração. Isto que me dava as forças que me moviam. Seu sofrimento chegou ao fim. Mas o que importava mesmo que viveras para sempre no meu coração.