Fumaça do Passado
Não é fácil registrar o passado. Ele abriga também conteúdo mítico. Esvai-se na fumaça do sonho. Mas, às vezes, por obra do Criador, passado e presente se encontram. Uma estranha sinfonia atemporal, com sons e cores que só existem aos olhos do coração. Só ele, guiado pelo Criador, cola pedaços, alguns coloridos, outros não. Embora clichê o que somos, senão estranhos atores de nossa própria jornada,
Há sempre uma mistura mágica, no mais secreto de nosso ser. Necessita de prévio antídoto, sob pena de nos manter a ela enleados em exóticos e perigosos medos. O fato é que – como dizia o Velho Bruxo do Cosme Velho - as duas pontas da vida se tocam.
Nessa estrada, tecida com a própria vida, vê-se, no sótão, a um canto, uma garotinha, de seis anos, que, por medo, durante a noite, em um Rio de Janeiro sem violência, contava estrelas no telhado, enquanto todos dormiam esquecidos de que ela existia.Porém, naquela etapa, as estrela desciam a seus olhos, transformadas em lágrimas de esperança. Que importava nada ter. Abria-se à sua frente uma estrada, que ela – nunca imaginava – um dia se assemelhasse àquele momento.
O século mudou. O tempo passou. As risadas calaram-se. Os amores se foram. Em outro lugar, bem diverso daquele sótão, está a garota de cabelos brancos, de joelhos, em prece. Até os raios de sol que inundam o espaço onde – hoje – está, são tênues, como sua vida. Em ondas, chegam-lhe as lembranças belíssimas do que viveu. Tardes fagueiras. Sorrisos em turbilhão na família.Um menino adorável correndo a abraçá-la.
Agora não pode ir para o telhado e orar.Ainda assim, anseia, desesperadamente, prolongar a força que tinha ao olhar as estrelas e que não mais pode, pela visão precária.Ela não quer afundar-se nas sombrias nuvens da solidão, que parecem acolhedoras. Porém, são parentes da morte em vida. Sua existência, salvo a alegria de algumas aulas, se resume a pedras carregadas em segredo como hoje.Houve, entretanto, instantes de encantamento e magia eternos.
Imprudente, porém, teimou em seguir a estrada melhor para todos (não era bondade; somente caráter). Enquanto caminhava, os anos passavam, seu coração, sedento de carinho, fazia-se de desentendido.Tolo! Tola a garota. Desperdiçou sonhos e vida. Brincou com a sorte, apesar de o coração lhe apontar futuras tormentas.
Na avenida congestionada de responsabilidades, o manto de beleza foi rasgando. Uma a uma foram caindo as folhas da árvore por quem lutava. Nunca se deixava prender. Eternos recomeços sem raízes. Tal qual uma bailarina dançava com a sorte. Apostou tudo em laços hoje despedaçados e o pior: ignorados. Desperdiçou os mais belos sentimentos em prol de quem cuidava.
De que adianta agora? Daquele telhado no qual - um dia contava estrelas – escorrem lágrimas vermelhas. Seu sangue jorra do coração, sob o manto do anonimato, pois ninguém vê ou se interessa. Só Deus que a mantém viva.
O que tem para viver: uma vida vazia do nós.Incapaz é, apesar de tudo, de deixar de amar, mesmo aqueles que, há quase doze meses, nada lhe dizem. Ela continua a sua rota feita de pedidos diários por dois seres que a ignoram e um que é o próprio futuro deles.
Todo dia prende, em seu coração, páginas incompletas de sonhos. Ainda há muitas valsas e tantas canções em sua festa de espera diária e vazia.;
Não é fácil registrar o passado. Ele abriga também conteúdo mítico. Esvai-se na fumaça do sonho. Mas, às vezes, por obra do Criador, passado e presente se encontram. Uma estranha sinfonia atemporal, com sons e cores que só existem aos olhos do coração. Só ele, guiado pelo Criador, cola pedaços, alguns coloridos, outros não. Embora clichê o que somos, senão estranhos atores de nossa própria jornada,
Há sempre uma mistura mágica, no mais secreto de nosso ser. Necessita de prévio antídoto, sob pena de nos manter a ela enleados em exóticos e perigosos medos. O fato é que – como dizia o Velho Bruxo do Cosme Velho - as duas pontas da vida se tocam.
Nessa estrada, tecida com a própria vida, vê-se, no sótão, a um canto, uma garotinha, de seis anos, que, por medo, durante a noite, em um Rio de Janeiro sem violência, contava estrelas no telhado, enquanto todos dormiam esquecidos de que ela existia.Porém, naquela etapa, as estrela desciam a seus olhos, transformadas em lágrimas de esperança. Que importava nada ter. Abria-se à sua frente uma estrada, que ela – nunca imaginava – um dia se assemelhasse àquele momento.
O século mudou. O tempo passou. As risadas calaram-se. Os amores se foram. Em outro lugar, bem diverso daquele sótão, está a garota de cabelos brancos, de joelhos, em prece. Até os raios de sol que inundam o espaço onde – hoje – está, são tênues, como sua vida. Em ondas, chegam-lhe as lembranças belíssimas do que viveu. Tardes fagueiras. Sorrisos em turbilhão na família.Um menino adorável correndo a abraçá-la.
Agora não pode ir para o telhado e orar.Ainda assim, anseia, desesperadamente, prolongar a força que tinha ao olhar as estrelas e que não mais pode, pela visão precária.Ela não quer afundar-se nas sombrias nuvens da solidão, que parecem acolhedoras. Porém, são parentes da morte em vida. Sua existência, salvo a alegria de algumas aulas, se resume a pedras carregadas em segredo como hoje.Houve, entretanto, instantes de encantamento e magia eternos.
Imprudente, porém, teimou em seguir a estrada melhor para todos (não era bondade; somente caráter). Enquanto caminhava, os anos passavam, seu coração, sedento de carinho, fazia-se de desentendido.Tolo! Tola a garota. Desperdiçou sonhos e vida. Brincou com a sorte, apesar de o coração lhe apontar futuras tormentas.
Na avenida congestionada de responsabilidades, o manto de beleza foi rasgando. Uma a uma foram caindo as folhas da árvore por quem lutava. Nunca se deixava prender. Eternos recomeços sem raízes. Tal qual uma bailarina dançava com a sorte. Apostou tudo em laços hoje despedaçados e o pior: ignorados. Desperdiçou os mais belos sentimentos em prol de quem cuidava.
De que adianta agora? Daquele telhado no qual - um dia contava estrelas – escorrem lágrimas vermelhas. Seu sangue jorra do coração, sob o manto do anonimato, pois ninguém vê ou se interessa. Só Deus que a mantém viva.
O que tem para viver: uma vida vazia do nós.Incapaz é, apesar de tudo, de deixar de amar, mesmo aqueles que, há quase doze meses, nada lhe dizem. Ela continua a sua rota feita de pedidos diários por dois seres que a ignoram e um que é o próprio futuro deles.
Todo dia prende, em seu coração, páginas incompletas de sonhos. Ainda há muitas valsas e tantas canções em sua festa de espera diária e vazia.;