Para sempre, hoje.
"Para sempre" dizia eu quando criança e sorvia teu sorriso perfeito como o horizonte, admirando nossos gêmeos tons de pele como eram gêmeos os nossos espíritos sedentos de liberdade.
"Para sempre" dizia eu a cada fim de tarde com braseiro no peito ante à perspectiva de te ver. Vi luas impossíveis nascendo do coqueiral a abençoar minhas certezas.
"Para sempre" repetia eu a cada vez que, perdido de amores, via em ti, a um só tempo, os caminhos, os descaminhos e o destino.
"Para sempre" eu falava toda vez que minha carne se amalgamava ao teu sangue e uma felicidade palpável e visível flutuava no ar como impossíveis pássaros de metal.
Hoje, já várias vezes abandonado e abandonante.
Hoje, tendo achado caminhos quando perdido e becos sem saída após várias curvas floridas.
Hoje, numa época de luares cinzentos e de poucas certezas.
Percebo que há certezas que só o amor dá.
Elas não são eternas, mas são as mais felizes.
E as mais sublimes...