Desordem emocional
Eu que acreditava em quase tudo, já não me importo com quase nada. É deplorável, mas quem disse que não nos massacra a realidade, nunca a viveu de verdade... Louco ou santo? Já nem sei dizer... Qual a medida da loucura? Estar, horas tardias, amargando verdades malditas? Doer, poros e sentidos esclerosados ao sopro sôfrego da tormenta surpresa? Desejar que em um abraço se caiba por inteiro, mesmo que faltando partes?
Canso de ser eu mesma com uma frequência cada vez menos ininterrupta. Mas quem mais posso ser? Uma representação medíocre de mim? Me embriago com as palavras fermentadas, os devaneios de uma vida quase sempre fantasiada. Tempo, a lembrança austera das horas passadas, centenas de experiências ignoradas. O excêntrico do real: quando tudo é tão superficial que só basta conhecerem-te o virtual... solidão, uma falta de motivos e ainda assim, tudo é sentido. Impotência, a dor que se apodera nos momentos de distração, horas inoportunas em que fazem companhia, apenas, pensamentos e má ou boa música.