LEMBRANDO DE VOCÊ

Um final de tarde como aquele não seria nada mal... Um encontro depois de um temporal com direito a trovões, uma troca de olhares cheios de cumplicidade e uma timidez preliminar, como se a ingenuidade resolvesse desabrochar dentro da gente. Os pensamentos rodopiavam ansiosos e o coração batia forte diante do inesperado e, ao mesmo tempo, tão esperado momento. A ânsia de se jogar nos braços um do outro era refreada por uma cautela eufórica e excitante.

O quarto de motel, o “cafofo”, como você o chamou, nem tinha muito luxo e, justamente para marcar o momento de forma especial, nem mesmo tinha energia elétrica, que traria a luz para iluminar nossos corpos, que traria a música para embalar nosso ritmo... que nada! Nosso ritmo foi marcado pelo compasso dos nossos gemidos e dos nossos sussurros. Nada de luxo, nada de luz e nada de música, talvez para vermos que não é necessário muito para explodir de emoção. Basta um abraço, um toque... o primeiro toque...

Como foi bom descobrir você e me deixar ser descoberta. Como foi bom deixar você me entender, me decifrar todinha. Como foi bom te conhecer melhor.

Será que um dia ainda te vejo com os olhos que te viram? Será que um dia ainda tenho aquele gosto na boca? Não sei...

Só sei que pensar em você me leva às nuvens, me faz sorrir sozinha. Fecho os olhos e viajo no tempo, volto aos seus braços. Mesmo distante, você me faz feliz e, se faço poesia, é porque você me inspira.

Gosto de pensar em você com esse carinho secreto. Gosto de saber que o que vivemos é só meu e está seguro dentro da minha inviolada lembrança... É meu tesouro! É meu refúgio!